sábado, 7 de maio de 2011

Vamos Fazer um Brinde quebra estereótipos de raça


Marcelo Miranda - Jornal O Tempo - Belo Horizonte

Só mesmo Cavi Borges, ex-dono de videolocadora, produtor, diretor e roteirista carioca, conhecido por realizar bons filmes com baixíssimo orçamento, para transformar em filme (arte tão financeiramente dispendiosa) uma peça de teatral que não conseguiu dinheiro. Foi esse o processo de “Vamos Fazer um Brinde”, longa-metragem que Cavi dirigiu em parceria com Sabrina Rosa, autora do texto original. Exibido na competição do Cine PE, o filme narra as relações de vários personagens ao longo de uma noite de réveillon dentro de um apartamento no Rio de Janeiro. Feito com R$ 10 mil – mais R$ 20 mil apenas de finalização – , o longa foi filmado em três dias, numa única locação, e desenvolvido no esquema de cooperativas bolado por Cavi em sua produtora, a Cavideo. Em vez de salários, os atores (muitos vindos de grupos com Nós do Morro e Nós do Cinema) recebem porcentagem sobre qualquer ganho do projeto. Munida de duas câmeras e com ensaios exaustivos antes de entrar no set, a dupla filmou o roteiro em ordem cronológica e contou com a agilidade de uma equipe miura e apaixonada pelo projeto. “Pensamos em tudo como se fosse uma peça de teatro mesmo, só que com a câmera ali em cena, acompanhando aquelas pessoas de vários ângulos”, conta Cavi. O elenco conta com sete mulheres e um homem. À exceção de uma atriz, todos os demais são negros. Apesar disso não ser uma questão dentro da narrativa – na qual o envolvimento de uns com os outros surge naturalmente, todos filmados de maneira bastante despojada e denotando evidente afeto dos diretores com seus personagens – , a negritude gerou incômodo bate-boca no debate realizado na manhã de ontem com a equipe. Alguns jornalistas se mostraram num misto de estranhamento e incompreensão com o fato de que “Vamos Fazer um Brinde” seja ambientado num apartamento tipicamente de classe média (decorado com referências a Andy Warhol e Jorge Luis Borges), tendo Chico Buarque na trilha sonora e, ainda assim, manter a predominância de atores negros. “Acho que faltam referências ‘black’. Está tudo muito ‘clean’”, disse uma repórter. Sabrina Rosa lidou tranquilamente com os questionamentos. Ela disse que nunca tentou transformar o projeto num manifesto. O que buscava era simplesmente narrar algumas horas de um grupo de conhecidos – quatro garotas são integrantes da banda Linda Flor – com a máxima naturalidade.“Eu juntei um monte de amigas para fazer o filme comigo. Quando me dei conta, eram quase todas negras. Adorei a coincidência, porque serviu para a gente quebrar vários estereótipos”, disse ela. E quebra mesmo.

"Vamos fazer um Brinde" Ganha dois Premios no Cine-Pe 2011



A 15ª edição do festival Cine PE terminou nesta sexta-feira (6), no Recife, com o anúncio dos vencedores. O principal ganhador foi "Estamos juntos", dirigido por Toni Venturi, que levou seis estatuetas distribuídas pelo júri oficial, além do prêmio da crítica. O filme acompanha a vida de uma médica amiga de um DJ em São Paulo e traz Cauã Reymond no elenco. "Estamos Juntos" tem estreia prevista para o dia 17 de junho. A produção foi agraciada nas categorias Filme, Direção, Fotografia (Lula Carvalho), Roteiro (Hilton Lacerda) e Atriz. Leandra Leal dividiu o prêmio com Marisol Ribeiro, de "Família vende tudo", de Alain Fresnot.

Veja a lista dos longa-metragens vencedores:
Melhor Filme: "Estamos juntos", de Toni Venturi
Direção: Toni Venturi ("Estamos juntos")
Ator: Caco Ciocler ("Família vende tudo")
Atriz: Leandra Leal ("Estamos juntos") e Marisol Ribeiro ("Família vende tudo")
Atriz Coadjuvante: Ana Miranda ("Vamos fazer um brinde")
Ator Coadjuvante: Robson Nunes ("Família vende tudo")
Roteiro: Hilton Lacerda ("Estamos juntos")
Fotografia: Lula Carvalho ("Estamos juntos")
Montagem: Marcio Hashimoto ("Estamos juntos")
Trilha Sonora: Arrigo Barnabé ("Família vende tudo")
Direção de Arte: Alain Fresnot e Fábio Goldfard ("Família vende tudo")
Edição de Som: o júri não escolheu o melhor nesta categoria
Prêmio Especial do Júri Oficial: "JMB, o Famigerado", de Luci Alcantara
Melhor Filme/Júri Popular: "JMB, o Famigerado"
Prêmio da Crítica: "Estamos juntos"
Troféu Gilberto Freyre: "Vamos fazer um brinde"

sexta-feira, 6 de maio de 2011

CINE PE: "VAMOS FAZER UM BRINDE" TRAZ AFETIVIDADE A BAIXO CUSTO.



Celso Sabadin, especial de Recife.

No Festival de Tiradentes deste ano, um curta metragista cujo nome não lembro agora ganhou uma premiação – em dinheiro e serviços técnicos – boa o suficiente para que ele realize um novo curta. Quando o rapaz subiu no palco para receber seus prêmios, alguém gritou na plateia: “Não deixa o Cavi pegar porque com isso ele faz três longas!”. Esta é a fama de Cavi Borges, ex-dono de videolocadora, produtor, diretor e roteirista carioca ainda anônimo para o grande público, mas bastante conhecido no circuito de festivais de cinema pelo Brasil. Um de seus principais atributos é saber conceber e realizar curtas e longas de qualidade com baixíssimos orçamentos. Só o site Porta Curtas, por exemplo, registra 30 filmes com o nome de Cavi na ficha técnica. Fora longas como “Pretérito Perfeito”, “Vida de Balconista”, “Riscado” e agora “Vamos Fazer um Brinde”, que ele produz e codirige com Sabrina Rosa. O filme foi exibido ontem (03/05) pela primeira vez ao público na Mostra Competitiva do 15º. CINE PE. Tudo acontece durante uma única noite, num único ambiente. Mais precisamente numa pequena festa de reveillon entre amigas. Num apartamento qualquer, num bairro qualquer de uma cidade brasileira qualquer, a passagem do ano é aguardada com ansiedade por este grupo de amigas de infância. Como sempre acontece nos dias 31 de dezembro, sonhos são renovados, esperanças ganham novos ânimos, balanços emocionais são contabilizados, antigas pendências emotivas vêm à tona.
Desenhando personagens carismáticos interpretados com competência por um jovem elenco, “Vamos Fazer um Brinde” discute um pouco destas questões. Corações partidos, fidelidade, amizade, sexo, casamento, tudo é abordado sem grandes pretensões neste filme afetivo e carinhoso. A direção é segura o suficiente para que a ação transcorra de maneira fluida, sem a suposta claustrofobia que a filmagem dentro de um único apartamento poderia fazer supor. Em poucos minutos, o filme consegue desenvolver em seus personagens uma empatia necessária para que, de uma forma ou de outra, o público se interesse pelos destinos dos mesmos. Não é pouco. Quase minimalista, “Vamos Fazer um Brinde” não será o filme que introduzirá Cavi Borges ao chamado “grande público” do cinema brasileiro. Mas é mais um de sua já extensa filmografia a firmá-lo e confirmá-lo com um cineasta de talento para manusear satisfatoriamente pequenos orçamentos. Além de revelar o talento de sua jovem codiretora Sabrina Rosa. São nomes para prestar atenção. Celso Sabadin viajou a Recife a convite da organização do evento.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

'VAMOS FAZER UM BRINDE' TEM RECEPÇÃO CALOROSA NO CINE PE


Fonte: Blog do Bonequinho - A dois dias de terminar, o 15º Cine PE foi brindado na noite de terça-feira com uma saudável proposta de criatividade em curta-metragem: o gaúcho "Traz outro amigo também", de Frederico Cabral. O enredo evoca “Meu amigo Harvey”, de Henry Koster: um detetive é contratado para encontrar o companheiro imaginário de um velho senhor. Recursos de animação incrementam a força formal do curta, que, de domingo para cá, foi o mais inusitadamente talentoso. Dois longas foram apresentados na terça. Ou melhor, um longa e um esboço arrastado de documentário-piada, feito em Pernambuco e chamado "JMB, o famigerado", sobre o poeta e agitador cultural Jomard Muniz de Britto. No decorrer de 105 torturantes minutos, o filme esgota qualquer rasgo de inteligência ao fazer uma rasgação de seda contínua do espírito contestador de Jomard.
ANTES DE "JMB, O FAMIGERADO", "VAMOS FAZER UM BRINDE", DE SABRINA ROSA E CAVI BORGES, TEVE UMA CAUDALOSA RECEPÇÃO POPULAR, PONTUADO POR RISOS E OLHARES PERPLEXOS DE IDENTIFICAÇÃO POR PARTE DE UMA PLATEIA QUE REAGIA COM ARDOR AO ENCONTRO DE SEIS AMIGAS E UM AMIGO GAY NUMA FESTA DE ANO NOVO. COM UMA ENGENHARIA DE SOM IMPECÁVEL DE MARCITO VIANNA, O FILME MOSTRA A SOBRIEDADE DE SABRINA E CAVI NA DIREÇÃO, MESMO SENDO ATROPELADO POR PASSAGENS ESQUEMÁTICAS DE ROTEIRO. ALGUNS PERSONAGENS NÃO PASSAM DE UM ESBOÇO. DO ELENCO, ANA MIRANDA SE HABILITA A UM PRÊMIO DE MELHOR COADJUVANTE.